Não garanto, mas me parece que a Zélia Gattai, esposa do escritor Jorge Amado, teria dito numa entrevista:
– Sou ateia, graças a Deus.
Uma das verdades curtas do genial humorista Millôr Fernandes assegura que “o cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde”. O amigo Harry Fürstenau, que trocou a Capital das Missões pela Capital do Estado, conta uma boa, a propósito:
– Ouvi de uma palestra do Dr.Fernando Lucchese (cirurgião cardíaco), oportuna observação: “Nunca operei um ateu. Todos os que entram para a cirurgia pedem ajuda ao Criador”.
Indagado, militar que esteve na Itália, última grande guerra mundial, como integrante da FEB (Força Expedicionária Brasileira), sobre a possível presença de ateus na tropa, assim respondeu:
– Em situações de combate ou nas trincheiras não existem os denominados ateus. Todos, cada um à sua maneira, vivenciam o sentimento “medo da morte” e evocam a proteção divina.
Orlando Beck, benzedor no Bairro Haller, exemplo de humildade e desapego dos bens materiais, chegava a atender cerca de duzentas pessoas por dia. Com a maior paciência, sem jamais alterar a voz. No dia seis de janeiro, data do seu aniversário, lembrei do seu Orlando na rede social. E fiquei surpreso com a repercussão da nota. Apesar de desencarnado há vários anos, Orlando Beck continua sendo muito lembrado pelos santo-angelenses. Não tinha dinheiro e não queria dinheiro, não tinha curso superior, mas tinha muito amor pra dar.
Amigo alcoólatra, nascido e criado nesta terrinha missioneira, sempre que me encontrava por aí, repetia a mesma pergunta sobre o pai desencarnado, cidadão simples e bem humorado:
– Como está o meu pai?
– Está muito bem.
Lá pela terceira ou quarta vez, resolvi aplicar uma mentira piedosa (existe?) pra cima do perguntador:
– Ele está muito bem, mas te mandou um recado.
– Qual? Qual?
– Que é pra você parar de beber.
– Isso não! Não paro de beber.
A FRASE DO ESPÍRITO IRMÃO JOSÉ, curtida por Wilmar Plinio Pippi: “Uma das principais características de quem cultiva a humildade é saber ouvir”