
O Grupo de Estudos em Arte Sacra Jesuítico Guarani e Luso-Brasileiro da PUC-RS identificou cinco novas peças do período jesuítico guarani datadas dos séculos 17 e 18. As obras fazem parte da Redução de São Luiz Gonzaga, fundada em 1687, pelo Jesuíta Miguel Fernandes.
De acordo com Édison Hütner, professor do Programa de Pós-Graduação em História da PUC e coordenador dos grupos de pesquisa, as peças estão, atualmente, na Sala Missioneira do Museu Júlio de Castilhos de Porto Alegre. Porém, foram produzidas, originalmente, para a redução de São Luiz Gonzaga, onde permaneceram até o final do século 19.
Segundo pesquisa da equipe, em 1883 a Câmara Municipal da então vila de São Luiz Gonzaga relatou ao presidente da Província, José Júlio de Albuquerque Barros, a preocupação com a conservação das peças. “Neste período, na região das Missões jesuítico guarani, muitas peças foram recuperadas”, relata Hütner no estudo, que também teve a participação do doutor Eder Abreu Hüttner e dos mestres Flávia Panazzolo e Reginâmio Bonifácio de Lima.
As obras identificadas pelo grupo são: Um Nosso Senhor do Horto, um anjo grande sem asas, um anjo médio sem asas; um São Francisco Xavier e uma cadeira sem o encosto. “A cadeira do Museu Júlio de Castilhos, ao que tudo indica, foi feita num dos 7 Povos Missioneiros e pode ser identificada como arte barroco rio-grandense guarani (Séc. XVIII)”, detalha Hütner.
Os anjos são identificados pelos autores da pesquisa como sendo esculpidos por José Brasanelli (jesuíta italiano designado a atuar nas reduções, que se tornou importante escultor missioneiro) para compor a Redução de São Borja. Já as imagens de São Francisco Xavier e Jesus Cristo do Horto são de madeira policromada, “das mãos de Brasanelli ou de sua escola”, pondera o pesquisador.
REDUÇÃO DE SÃO LUIZ GONZAGA (1687- 1756)
Fundada pelo padre Miguel Fernandes, junto de índios vindos de outras reduções, teve notório desenvolvimento de uma população de construtores, escultores, entalhadores, pintores, músicos e artesãos. Estes povoados tiveram uma grande organização com os padrões espanhóis de arquitetura, todos formados por padres jesuítas, orientados a catequizar os índios guarani – habitantes da região. Com a Guerra Guaranítica (1753-1756) – conflito entre as tribos Guarani e tropas espanholas e portuguesas – muitos índios foram dizimados. O conflito resultou no Tratado de Madrid e consequentemente o abandono e posterior destruição das Missões Jesuítas brasileiras.